Skip to Content

Impacto de mudanças climáticas no Brasil preocupa líderes latino-americanos

Impacto de mudanças climáticas no Brasil preocupa líderes latino-americanos

Um relatório do Observatório do Clima, uma rede de 70 ONGs, aponta que as emissões de gases de efeito estufa cresceram 9,5% no Brasil em 2020 como resultado do desmatamento da Amazônia.

O Brasil e a América Latina têm sofrido as consequências das mudanças climáticas e do aquecimento global. Diante da falta de ações efetivas, Charly Alberti, baterista da banda Soda Stereo, fala abertamente.

Durante décadas, o Brasil tem vivido sob a ameaça das mudanças climáticas. E não faltam avisos: no ano passado, por exemplo, a nação sul-americana registrou a pior seca em 91 anos. Mas nem mesmo esses sinais parecem ser suficientes. Um relatório do Observatório do Clima, uma rede de 70 ONGs, aponta que as emissões de gases de efeito estufa cresceram 9,5% no Brasil em 2020 como resultado do desmatamento da Amazônia.

Essa nação é um paradoxo climático. Segundo a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, o país desempenha um papel fundamental na luta global contra as mudanças climáticas, pois a floresta amazônica é um dos maiores sumidouros (ou depósitos naturais) terrestres de carbono do mundo, já que apresenta maior percentual de eliminação do que de emissão de gases de efeito estufa (GEE). No entanto, o Brasil também é o maior emissor de gases de efeito estufa na região da América Latina e do Caribe.

E não para por aí. Os recordes de furações e inundações na América Central e as piores secas, no sul da Amazônia, em 2020, caracterizam uma tendência para os próximos anos, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial.

Uma pesquisa da Universidade de Exeter, no Reino Unido, com base em dados e imagens de satélites, concluiu que mais de 75% da floresta amazônica perdeu a capacidade de rápida recuperação após a ocorrência de uma seca ou um incêndio.

A situação exige novos líderes

A situação no Brasil é a mesma da América Latina: uma região que não tem líderes suficientes para assumir a luta contra as mudanças climáticas. Por isso, Charly Alberti, baterista da lendária banda de rock Soda Stereo e ativista ambiental, vem trabalhando em prol da conscientização efetiva da população sobre as consequências do aquecimento global e a necessidade de agir.

O músico começou sua luta em 2010 ao fundar a R21, com a qual foi reconhecido, em diversas ocasiões, por seu trabalho altruísta. A ideia de criar essa organização surgiu depois de uma colaboração entre Alberti e Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos e prêmio Nobel da Paz. Desde então, o crescimento da fundação na América Latina proporcionou diversas oportunidades de cooperação. Em 2017, Alberti foi nomeado embaixador da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Um (dos meus sonhos) é ver uma América Latina sustentável; ver que, na realidade, somos mais inteligentes do que o pouco que demonstramos até agora”, declarou o músico no ciclo de entrevistas Trailblazers Latinoamericanos, organizado pela Salesforce.

O trabalho de Alberti vai além do discurso. Por exemplo, “Gracias Totales”, a turnê que está fazendo com a Soda Stereo, é a primeira realizada por uma banda latino-americana com zero emissões de carbono. Antes do início da turnê, em 2020, juntamente com a fundação R21, a banda plantou 2.000 árvores nativas como forma de compensar as emissões de carbono de suas quatro primeiras apresentações.

Uma das ideias mais inovadoras do artista se refere à criação de leis que penalizem os preços dos produtos de acordo com a respectiva pegada de carbono. “Os produtos e bens que consumimos, hoje em dia, não incluem o preço do impacto ambiental. Ninguém contabiliza essa situação como custo negativo nos produtos fabricados. É por isso que a economia está nos derrubando”, explica.

Sem tecnologia, não há sustentabilidade

A revolução tecnológica e digital que temos presenciado atualmente deve oferecer ferramentas que viabilizem opções mais sustentáveis. Por exemplo, uma das poucas consequências positivas do isolamento social exigido pela Covid-19 foi a adoção mais rápida das tecnologias digitais, o que ajudou a gerar uma redução de 7% nas emissões de gases de efeito estufa nos países industrializados. Naturalmente, houve exceções.

Portanto, é natural pensar que a tecnologia nos levará por esse caminho: “A tecnologia sempre foi nossa aliada; torna a vida mais fácil. Esse aprendizado de anos deveria ser intensificado e focado para que a tecnologia possa aumentar nossa humanidade”, explica Alejandro Anderlic, Diretor de Assuntos Governamentais para a América Latina da Salesforce.

Neste ano, a Salesforce adicionou a sustentabilidade como quinto valor essencial em seu modelo de negócios (os demais são confiança, sucesso do cliente, inovação e igualdade), promovendo projetos como o Net Zero Cloud, que busca reduzir a pegada de carbono das empresas com operações na nuvem.

A luta contra as mudanças climáticas exige novos rostos e líderes comprometidos. Charly Alberti quer ser um deles.